sexta-feira, 3 de abril de 2009

Prédios

Prédios cinzentos. Prédios amontoados. Prédios desfigurados, pelas marquises e pelo tempo. Marquises e mais marquises. Roupas esquisitas ostentadas sem pudor. Velhos decrépitos a espreitar pelas persianas dos quartos. Gatos colados às janelas, sonhando ser tigres. Bandeiras de cores esbatidas e tecidos rasgados, revelando patriotas em falência. Gritos anunciando a existência de vidas para além do betão. Para além do tijolo. Para além das suas próprias vidas. Luzes acesas. Luzes apagadas. Luzes fundidas. Alguém que bate com a porta. Um carteiro que se engana na morada. Uma ex-prostituta reclamando decência a quem passa. E a quem fica. Um jogo de futebol mal arbitrado. Um adepto mal humorado. Não sei quantos filhos mal paridos. Prédios de ricos. Jardins mal frequentados. Prédios de habitação social. Anúncios de vendas e arrendamentos. Flores murchas que não dormem. Nas varandas. Nos canteiros. Prédios abandonados. Prédios caídos. Prédios vencidos pelo tempo e pelo mau trato. Deixam desmoronar histórias de todos nós, para que outras histórias se ergam numa nova empreitada.

2 comentários:

Anônimo disse...

E prédios novos em implosão?

DrMau

Cristina H. disse...

Dr. Mau,

Esses também. Peço desculpa pelo lapso;)

bjs gordos dos maus**