quarta-feira, 16 de março de 2011

Não, também não. Não é aqui que quero estar.

sábado, 12 de março de 2011

Na intimidade

As torneiras de todas as casas-de-banho pingam, pingam, pingam sem parar!
Um rato de esgoto, gordo e de pêlo ralo, à noite faz a sua visita aos restos do jantar.
Uma janela que não fecha e uma corrente de ar. Só no Inverno, para não variar.
O cheiro do vizinho, depois de um banho acabado de tomar (ou de simular).
As discussões do primeiro esquerdo, do segundo direito e de algures no terceiro andar.
A velha debaixo, sempre a roncar.
A ambulância a fazer escala à porta do prédio, todo o santo dia!
Sai velho morto, chega outro a coxear. Vizinho, hoje foi dia de azar?
Lá fora, uma escarreta embeleza o chão. E ao lado, um tesouro? Não, é um cagalhão.
Os catraios pintam bigodes no cartaz do candidato à presidência. Ele já tinha bigode, o Photoshop é que o apagou.
Uma senhora, toda aperaltada, diz um palavrão cheio de pêlos, pus e doenças venéreas. Há quem trema, há quem core, há quem desmaie, mas ninguém é capaz de o reproduzir.
É domingo, ali na tasca. E há jogo e cerveja e mulheres que em casa já sentem os chapadões bem levados depois do prolongamento.
Há sempre um amigo do alheio, um xunga e um paneleiro.
Há sempre aquela que anda com todos e aquela que nunca andou com ninguém.
E aquela outra, que guarda a cadeado, o nome dos mais respeitáveis homens do Bairro.
Cheira a maresia, a sardinha e a qu’isto-não-vai-melhorar.
Por precaução, mete-se a bandeira da nação na varanda a esvoaçar (e a desbotar).
A bem da Pátria, só se fala mal na intimidade.