Tudo se compõe, agora que dois estranhos se abraçam a meio de uma viagem. Propósito: amparar as lágrimas de ambos. Resultado garantido, sem reclamações.
Tudo se compõe. O mendigo que te metia nojo, revelou-se teu amigo. Revelou-te segredos e também algumas duras verdades. Falou-te da árdua tarefa que é perceber sentimentos através dos rostos cansados que deambulam por aí, ao final do dia.
Tarefa estranha. Estranho ser. Afinal, o seu olhar esgazeado, significava apenas A Procura. Todo o seu sangue derramado, não significava nada. Ferimentos ligeiros, escandalosos.
Tudo se compõe. A linha do metropolitano sorri-te. Só a ti, a mais ninguém. A linha do metropolitano reconhece-te, aqui neste lugar ou noutra qualquer estação estrangeira. Seja qual for o teu percurso.
A linha sorri-te. Convida-te a saltar. Propõe-se engolir tristezas e esmagar problemas, os teus. E tu, aceitas. E, os estranhos que choram abraçados, assustam-se com o travar repentino da carruagem e abraçam-se ainda mais. E beijam-se.
Tudo se compõe. Tudo, nada significa. Grito de socorro.