sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Não te escrevo desde ontem

Não te escrevo desde ontem. Desde o adormecer fingido do meu pesar. Desde as frases escritas e esborratadas naquele papel amarrotado, depositado teimosamente nas tuas mãos. Não te escrevo desde que nasci, pequena e silenciosa numa cidade que nunca mais vi. Não te escrevo desde o tempo que era outro, bem melhor do que aquele que me assalta e me leva as horas que tanto gostaria de passar em ti. Não te escrevo desde o fracasso de te ter escrito e não me teres decifrado, nem uma vírgula de suor.
Não te escrevo desde ontem, a última vez que te vi. Não te escrevo desde ontem e aprisiono palavras desfiguradas, certa de que nunca irão chegar a ti.