quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Falhar

Falhei, falhaste, falhámo-nos. Conjugámos verbos em tempos diferentes, concretizámos metáforas incompreensíveis e abandonámos a razão numa esquina escura dos nossos corações.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Uma questão de prevenção

Podem fornicar-me a cabeça à vontade, mas por favor usem preservativo, que eu não quero apanhar as vossas doenças mentais.
Tenho dito.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um ano

Hoje, enquanto fazia tempo para nada ou procurava apenas uma mesa de café para ler um pouco do livro que me pesava na mala, descobri que tudo na minha vida é medido em ciclos de um ano. E isso, parecendo que não, assustou-me. Um ano é uma medida pequenina, mas que multiplicada por dez dá uma década e multiplicada por cem, dá o tempo que nunca viverei: um século.

Contudo, ano após ano, tudo se volta a repetir, tudo volta a ter que ser feito. A consulta veterinária do cão e do gato. As prendas de Natal. O eterno dilema do onde e com quem passar a consoada?. A inspecção do carro. Os aniversários que se perdem e aqueles que não se queriam perder. Os carnavais e todas as outras "festividades". O Verão e o Inverno. A Feira de Agosto e o São Martinho. O tempo dos cogumelos e o tempo das favas...

E vai ficando sempre a promessa de que para o ano é que vai ser. E de repente, olhamo-nos ao espelho e apercebemo-nos que mais um ano acabou justamente de passar por nós.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ele virou-se para mim, e antes que eu tivesse tempo para falar, segredou bem perto dos meus lábios: somos a acefalia perfeita! E eu, pela primeira vez na minha vida, soube o que era o amor.

Nada

Não me ocorre nada para dizer. Nada para escrever. Nada para inventar. Se fosse escritora ou poetisa, teria legitimidade para argumentar que a musa foi de férias, assim que poderei eu argumentar? Nada, claro está. Nada de nada, como a canção do outro.
Um dia, quando for rica, contrato uma musa e prometo que a trato bem. Que lhe pago os ordenados a tempo e horas e que não a obrigo a ficar depois do horário de trabalho. Há-de ser uma musa muito feliz ao meu lado. Ditar-me-á muitos poemas, muitas histórias, muitas ideias. Encherei este blogue de coisas fabulosas e terei tanto para escrever, que até editarei um livro. Ou mais. Uma centena deles, traduzidos em dezenas de línguas, para que todos em todo o mundo me possam ler nos seus sofás e nas suas camas. Para que todos me possam levar para as suas escolas ou, simplesmente, debater-me nas suas mesas de café.
Mas hoje e nos tempos que se avizinham, não tenho nada para dizer, escrever ou inventar. Nada. Mesmo nada. E por isso mesmo, não se poderá esperar nada vindo de mim.

(P.S - no texto original escrevi poeta em vez de poetisa, espero que não tenham ficado ofendidos comigo, ó meus quatro digníssimos leitores!)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sempre o céu

Olhando o céu, descubro que consigo ver muito para além do que os meus olhos vêem. Para o bem e para o mal. Ou para o mesmo de sempre.

E o último dia é exactamente como o primeiro. Estaciona-se o carro no mesmo lugar. Olha-se o espaço da mesma forma e diz-se um adeus em vez de um olá.
Tudo o resto é história. As lágrimas caem, não de tristeza mas sim devido à certeza de estarmos outra vez entregues a nós próprios e ao destino que, de quando em vez, ainda conseguimos trocar-lhe as voltas.