Espalhei pelo armário - escrupulosamente - as bolas de naftalina. Nunca pensei que começasse a cheirar a velha tão nova.
domingo, 31 de outubro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Os Dias
Absortos são os dias em que vivo
É a luz que me fustiga
Por não ser mais nem menos que os outros todos
Por ser simplesmente igual e paradoxalmente inconformada.
Anestésica é a dor que me dá na alma e que se espalha velozmente por todo o resto que me pertence e me transcende.
Para que eu seja um pouco de anestesia também para além da dor que me dá gozo infligir.
Odeio a multiplicidade de espaços onde me deito,
A unicidade dos seres que tentam à força de amor me fecundar,
A diversidade de odores que me perfumam enquanto espreito e procuro
Um futuro melhor ou talvez o mesmo presente um pouco mais garrido.
Aplaudo os significados e os significantes de todas as insignificâncias
Que me fazem chorar, rir e talvez sonhar.
Sou tudo um pouco menos que todos os restos que deixo escrupulosamente no canto do prato.
Se amo, é porque toda a envolvente me diz que não há nada mais interessante para fazer.
Se não sou correspondida, mais uma razão tenho para beber um copo de vinho.
(por falta de imaginação, volto a publicar este velhinho post. Desculpem-me aqueles que já o conhecem)
É a luz que me fustiga
Por não ser mais nem menos que os outros todos
Por ser simplesmente igual e paradoxalmente inconformada.
Anestésica é a dor que me dá na alma e que se espalha velozmente por todo o resto que me pertence e me transcende.
Para que eu seja um pouco de anestesia também para além da dor que me dá gozo infligir.
Odeio a multiplicidade de espaços onde me deito,
A unicidade dos seres que tentam à força de amor me fecundar,
A diversidade de odores que me perfumam enquanto espreito e procuro
Um futuro melhor ou talvez o mesmo presente um pouco mais garrido.
Aplaudo os significados e os significantes de todas as insignificâncias
Que me fazem chorar, rir e talvez sonhar.
Sou tudo um pouco menos que todos os restos que deixo escrupulosamente no canto do prato.
Se amo, é porque toda a envolvente me diz que não há nada mais interessante para fazer.
Se não sou correspondida, mais uma razão tenho para beber um copo de vinho.
(por falta de imaginação, volto a publicar este velhinho post. Desculpem-me aqueles que já o conhecem)
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Deixo aqui Saudades
Deixo aqui saudades, na rua em que caminho e onde me é possível distinguir o fumo das chaminés do fumo das castanhas acabadas de assar. Deixo aqui saudades, num parapeito ao sol de tarde sujeito, onde vagueiam silhuetas felinas e rostos talhados pelos anos que passam. Onde se debruçam os cabelos brancos que - escassos e resistentes - enaltecem e reinventam uma distante juventude.
Deixo aqui saudades, do Outono das nossas vidas, da pessoa que fui, da pessoa que teimo em ser e da pessoa que um dia serei. Deixo aqui saudades, no conforto de um abraço dado por uns grossos braços de lã. Onde se respira relva acabada de cortar, onde se é atacado pela ternura de um grupo de petizes nos seus bibes, de par em par. Deixo aqui saudades, onde o frio se confunde com o aconchego e o aconchego se funde com o apego que tenho à terra que um dia irei deixar.
Hoje aprendi a escrever saudade: tem sete letras e mora em todo o meu coração.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Tentativas
Falhei-me em tentativas. Repetidas. Só mais uma, dizia eu. E sempre, sempre a falhar.
Já as flores que cheirava, nessas primaveras férteis da minha infância, cheiravam a esgotos, a putrefacção. Fingia-lhes admiração, suposta capacidade que nunca possuí.
Algures no tempo, falhei também um número certeiro que me dava direito ao jackpot. Passando-lhe ao lado, encontrei gatos pretos e espelhos partidos. E, sobrevivendo-lhes, fugi-lhes passando debaixo de uma escadaria, agarrada a um número treze inscrito numa ferradura.
E quem me esperava do outro lado? O vácuo, sorrindo trocista ao ver-me tropeçar.
Cristina morreu. Caiu no vácuo ao pensar q pisava apenas mais uma folha seca desse Outono em que viajava. Mais uma vez. Sozinha e sem amparo.
Cristina morreu, folheando o final dum livro emprestado, com outro por estrear na mão.
Já as flores que cheirava, nessas primaveras férteis da minha infância, cheiravam a esgotos, a putrefacção. Fingia-lhes admiração, suposta capacidade que nunca possuí.
Algures no tempo, falhei também um número certeiro que me dava direito ao jackpot. Passando-lhe ao lado, encontrei gatos pretos e espelhos partidos. E, sobrevivendo-lhes, fugi-lhes passando debaixo de uma escadaria, agarrada a um número treze inscrito numa ferradura.
E quem me esperava do outro lado? O vácuo, sorrindo trocista ao ver-me tropeçar.
Cristina morreu. Caiu no vácuo ao pensar q pisava apenas mais uma folha seca desse Outono em que viajava. Mais uma vez. Sozinha e sem amparo.
Cristina morreu, folheando o final dum livro emprestado, com outro por estrear na mão.
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