segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Rotina

Acordo com o telemóvel a vibrar na mesa-de-cabeceira. Ao meu lado, ele dorme satisfeito e nem dá pela minha fúria matinal. O que hei-de vestir? Penso. Penso também que estratégia utilizar para não mais chegar tarde ao trabalho; para não mais acordar ao lado dele; para nunca mais ser aquela que encontro hoje diante do espelho.
Tomo o banho de sempre, visto o mesmo de sempre. Pego numa maçã e enfio-a na mala. Prendo a mala à bicicleta. Conduzo a bicicleta até ao trabalho. Chego ao trabalho com vontade de voltar a pegar na bicicleta e rebobinar tudo até antes do telemóvel ter começado a vibrar. Mas não consigo.
Passa-se um dia de tarefas repetitivas que acentuam ainda mais a minha saturação, que me frustram. Passa-se um dia a pensar que tudo tem que mudar. Que é hoje o último dia que aqui estou e que sorrio às pessoas só por saber que é a última vez.
Mas o tempo passa, e esta segunda-feira transforma-se em sexta-feira. E este princípio do mês, transforma-se em final do mês. E este Verão, transforma-se em época natalícia. Tudo igual, sempre e para sempre. Ou por aquele tanto tempo que a mim me parece eternidade.

Acordo sobressaltada com a vibração do telemóvel na mesa-de-cabeceira. E a quem dorme ao meu lado, aparece mais um cabelo branco.

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