quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Não vou ser mãe

Serei eu um dia mãe? Não serei? São questões existenciais com as quais me debato há já algum tempo. Quer dizer, questões com as quais me deveria debater há já algum tempo (desde a primeira menstruação), mas que sinceramente não dou assim grande importância e, no final de contas, percebo que a resposta é tão clara como água e tão certa como estas linhas terem sido escritas por mim: não vou ser mãe.
E não tenho pena nenhuma de tal facto, antes pelo contrário: parece-me razoável e coerente decidir não ser mãe. Mais do que o contrário, pois então.

Há muita gente que me pergunta quando é que eu tenho um filho, que me tenta persuadir com a questão da idade. Mas eu, pff, estou nas tintas para isso. Se um dia mais tarde me arrepender, arrependo-me das minhas próprias decisões e não me arrependo de ter sido levada pela conversa dos outros. Amén.

Sinceramente, uma gravidez não me seduz. Não gosto de ter cuidados com dietas, álcool e tabaco. Não gosto de enjoos. Não gosto de ir ao médico. E sobretudo: não gosto de dor!...
Não era mais fácil os putos virem mesmo de Paris, trazidos pela cegonha? Quem é que foi que acabou com esta tradição e instituiu a treta dos partos naturais e mais a balela dos partos em piscinas?... (aposto que é o mesmo gajo que pediu para a Tourada ser tradição e para os actores-mortos-vivos terem o direito de comentar a vida dos outros na TV)

E o que é isso do relógio biológico? Que horas tem? Quando toca? Serve de despertador? Alguém já viu o relógio biológico? É de que cor? Usa-se no pulso ou no bolso?
Realmente, que treta de argumento é essa do apelo dado pelo dito relógio biológico? Não consigo alcançar, mas acho que há por aí gajas que argumentam isso na hora de engravidar. O engraçado é que esse objecto invísivel de relojaria só afecta quem vive à conta do marmanjo ou quem acabou de ficar efectivo na empresa onde trabalha... Estranho, não é? Será que é por não viver à pala de ninguém e por estar a trabalhar a recibos-verdes que não pressinto o meu? Ou será que o meu parou por falta de pilha ou por mera avaria? É que já vamos com quase trinta anos meus caros!!

Não me vejo confinada a uma criança. Não tenho condições nem psicológicas nem financeiras, muito menos afectivas. Acho que a grande generalidade das crianças começam a revelar-se abortos espontâneos a partir do momento em que começam a abrir a boca para falar. Acho que os miúdos são todos parentes muito próximos dos Gremlins, pequenos monstros fofinhos. Com a agravante de não serem ficção. Com a agravante de que a partir do momento em que nascem começam a depender de nós e nós, com a desculpa do amor de pais, deixamos tudo para trás das costas e passamos a viver em prol destas criaturas.
E eu, tenho tanto para viver antes que comece a ter a alucinação hormonal do tal fatal objecto de relojaria!!!


Por outro lado, detesto "Happy-families" e acho-as uma péssima publicidade para captar adeptos para essa coisa da procriação. As carrinhas familiares e os simbolos colados no vidro traseiro com avisos de "bébé a bordo" dados pelo Vitinho, assustam-me de morte. Os pais que só sabem falar dos filhos e que metem fotografias dos mesmos nos computadores de trabalho, têm os olhos às cores e andam com os braços espetados para a frente, tal e qual os zombies do Thriller do Michael Jackson, com o senão de provavelmente não saberem dar o passito de dança à "eighties"...
Os pais que fazem as vontadinhas todas aos pequenos em vez de lhes darem uma valente palmada no rabo quando os putos repetem pela terceira vez que querem ir embora ou que querem um ovo kinder, quando já lhes foi dito que não duas vezes, deviam ser processados. Na verdade, estas pequenas atitudes são as mais preponderantes no crescimento intelectual de um futuro ditador, pois criam-lhe a sensação de que tudo se pode manipular e que em todos se pode mandar.

Posto isto, não vou ter filhos. Tenho plena consciência da minha opção. Tenho plena noção de que o mundo cá fora não está para brincadeiras. Tenho a certeza absoluta que grande parte das pessoas nunca devia ter sido pai ou mãe, porque há por aí muita gente mal-educada e sem formação que já foi em tempos o bébé de alguém.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, tens aqi partes q mereciam palmas =P

se bm q eu gosto de crianças e gostava de ser mae, mas n para ja!

mas odeio crianças q choram descontroladamente, mas odeio ainda mais as maes q estao presentes e nao sabem ou nao conseguem pegar_lhes e fazer com q elas parem de chorar! claro q nao ha um botao para as calar mas o simples facto de lhes dar um afecto deve melhorar a situaçao. Qd for mae, logo te conto xD

mas tipo, tu ja tens um cao e um gato, da_lhes mimos a eles =D

***

Cristina H. disse...

Só tu é que me compreendes!!!:D

É por estas e por outras (que só nós é que sabemos!!), é que eu tenho que ir morar para perto de ti***

Anônimo disse...

Não podia estar mais de acordo ctg, mas isso também tu já sabes. Mas mesmo que não estivesse continuaria a entender o teu ponto de vista ou pelo menos respeitaria.Só quero ainda acrescentar que a maternidade ainda não é obrigatoria, valha-nos isso...
E já agora que aqui estou,aproveito para desabafar: Sabes que acredito piamente que o amor universal é que é a grande arma humana para todas as eventualidades,inclusive para amares filhos quem não nascem do teu corpo,e temos exemplos disso todos os dias,isso sim faz-me crer que afinal ainda há alguma bondade e altruismo no ser humano. Resumindo e baralhando creio que o que faz de nós seres humanos iluminados é a nossa capacidade ilimitada de amar seja quem for, ou o que for.
Com isto tudo o que eu quero dizer é que não me sinto "menos" por não querer ser mãe,ou sequer ponderar essa hipotese.... por ultimo mesmo, Sabes o que me chamam lá no trabalho os meus "filhos"? Maezinha...Terei mesmo razoes para me sentir "menor"??

Mistress C