segunda-feira, 30 de junho de 2008


Este fim-de-semana, houve música pesada cá na terra graças ao festival Metal Gdl. Eu não fui, por razões muito minhas e porque este tipo de metal não é cá coisa que me faça dar um pézinho de dança.
Contudo, no trabalho ou onde quer que eu encontre alguém conhecido, sou sempre abordada da mesma forma: "Então não foste ao Metal GDL?" e quando respondo que não, vejo surgir um gigantesco ponto de interrogação, seguido de um colossal ponto de exclamação e tento responder o mais delicadamente possível e meter-me a milhas antes que tenha que explicar o porquê de trajar quase diariamente preto e não ir a um festival destes.
Quando o humor está em alta, meto-me a ouvir as conversas dos outros e as suas grandes teorias sobre tudo e eventualmente sobre aquilo que desconhecem. Há uma que eu adoro que é aquela pergunta quase retórica do "como é que eles não têm calor com aquelas roupas pretas?" e outra também muito boa é a do "Como é que eles podem chamar àquilo música?!".
Em relação à primeira, é fácil. Claro que qualquer pessoa sente calor num dia em que estão quase 40º. Claro que se estiver de preto e ao sol, ainda sente mais calor. Mas a intenção de trajar preto (independentemente da razão ou tribo) não é essa de se meter ao sol, garanto. Em relação à segunda, é daquelas coisas... chama-se música a muita coisa e não podemos desclassificar as coisas só porque não gostamos.
No fundo, deu-me um certo gostinho que neste fim-de-semana, ao contrário de todos os outros fins-de-semana, se ouvisse por toda a Vila sons guturais em vez dos típicos acordes de músicas de nobres compositores como o Quim Barreiros, interpretadas lindamente pelos artistas cá da terra.
Às vezes sinto falta de mais coisas que marquem a diferença cultural, para me sentir bem por aqui, mesmo que não participe directamente nesses eventos. Porque acho que faz falta. A uns para que salvem as suas indumentárias favoritas das ferozes traças dos guarda-fatos e a outros para terem assunto de conversa.

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