quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Rammstein e Eu

Era eu uma 'chavala' de cabeça-rapada-em-Dezembro, ou estava prestes a fazê-lo, quando ouvi pela primeira vez Rammstein. Du Hast. Fiquei doida porque era mesmo aquilo que eu procurava: electrónica aliada a um som de peso, que não conseguia decifrar muito bem e que ainda hoje tenho dificuldade em classificar somente como industrial ou meter ao industrial um sufixo gótico.
Era eu uma 'chavala' de cabeça-rapada-em-Dezembro, nos seus píncaros ou estava prestes a fazê-lo, quando duas amigas - daquelas que só se encontram uma vez na vida e a quem agarramos a mão com tanta força que nos é difícil aceitar que um dia seguirão caminhos opostos aos nossos - me ofereceram o Senhsucht, álbum que ainda hoje me faz pular de alegria de cada vez que o meto a tocar.
Os anos passaram. O cabelo rapou-se finalmente em Dezembro, o piercing no sobrolho foi feito, o cabelo voltou a tombar pelos ombros, a cobrir-me as costas. O piercing saiu. O piercing voltou. E o cabelo, esse deixou-se crescer e cortou-se à medida das necessidades visuais e duma adolescência e idade adultas repletas de boa música e rodeada de bons amigos.
Dei as mãos a quem mas estendeu graciosamente e larguei as mãos de quem estava farto do calor das minhas. E, finalmente, chega a almejada oportunidade de os ir ver ao Pavilhão Atlântico, naquela que foi para mim - e para todos os outros que lá estiveram presentes - a noite mais quente desse distante Novembro.
Dessa noite recordo o calor que nos atingia, vindo dos lança-chamas e demais artefactos pirotécnicos usados em palco. Recordo um vocalista que esbanjou energia e um público que humildemente 'arranhou' alemão para poder retribuir, nem que fosse apenas cantando em uníssono refrões simples. Recordo um final extraordinário com um bote a passear-se na plateia, enquanto era tocada uma versão maravilhosa (há poucas meus caros, muito poucas assim!) do Stripped dos meus adorados Depeche Mode. Finalizou-se assim um fabuloso concerto e o tempo avançou com as suas horas, dias e...
... Os anos voltaram a passar, teimosos e sacanas. Recordou-se, durante o passar desses mesmos anos, em numerosas conversas de café, o bom que era repetir aquela experiência, do bom que foi aquele concerto para nós seres privilegiados e abençoados. E, o cabelo voltou a crescer, os piercings a mudar de lugar, os amigos a agarrar e a soltar-nos as mãos e tudo se repete: Novembro, Rammstein e a promessa de muito calor.
Foi no passado Domingo, que se repetiu um bom concerto. Um iniciar de espectáculo com um partir de um muro, que para muitos dos presentes simbolizou o próprio de Berlim, ou outros muros que lhe deviam seguir o exemplo. Para outros nada significou para além de mais uma excentricidade 'rammsteniana'.
Ouvi tudo o que queria ouvir, mas não vi tudo o que queria ver. Mesmo que a pouca distância do palco, este foi mais um concerto em que tive uma praga de cabeçudos à minha frente. Mas acho que aprendi a lição e se as botas militares com sola dupla não são suficientes, passemos aos sapatos de salto que as senhoras costumam usar. Ou cheguemo-nos mais à frente e coloquemo-nos inoportunamente à frente de pessoas com menos 20 centimetros que nós.
Não há muito a acrescentar: foi Novembro, foi Rammstein. Foi a energia de sempre, o espectáculo de sempre e a música que fica para sempre. Só nós vamos ficando mais velhos.

Para finalizar, deixo a música que ficou a faltar no alinhamento deste Domingo, mas que tenho ouvido em repeat enquanto atravesso o Martim Moniz. Prometo que não há nenhum trocadilho barato acerca desta zona de Lisboa e o nome da música! (como sou boazinha, deixo uma versão legendada em inglês)

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