terça-feira, 22 de setembro de 2009

Strange Days ou simples dias animais

Antes de sair de casa, apanhei o meu vizinho a urinar no seu quintal. Nada a assinalar, se não fosse o facto do seu quintal estar ligado ao meu, devido à ausência de muro. Ou não fosse ele ter saído propositadamente da sua casa para aliviar a bexiga mesmo ali, a escassos metros da minha pessoa e onde, minutos antes, tinha estado o meu cão a urinar também.
De repente, lembrei-me daquele filme-estúpido-de-domingo-à-tarde em que um homem tem instintos animais e pensei que talvez fosse o caso, por várias razões: ter saído de casa para ir fazer o seu chichi no quintal; ter feito no exacto sítio onde faz o meu cão e alguns gatos forasteiros; ter sacudido as últimas gotinhas para o meu quintal, de frente para mim e olhando-me fixamente enquanto eu fechava apressadamente a porta (até o meu cão é menos promíscuo!).
Perguntei-me: onde é que esta gente pensa que vive? E a resposta foi óbvia: Queluz, Sintra, Portugal. Que podia muito bem ser: Amora, Seixal, Portugal ou Monte Gordo, Vila Real de Santo António, Portugal. A ideia é que em qualquer parte do nosso país há exemplares da nossa espécie que deviam estar enjaulados em troca da libertação de uns quantos hipópotamos e outros tantos abençoados animais.
Ainda há dias, vi uma mãe a felicitar a sua filha por esta ter cuspido no chão, justificando que toda e qualquer ranhoca devia ser expelida. Muito bem, senhora mãe! Outra, entrava no supermercado e açambarcava as cerejas com todas as mãos e boca porque "estavam apetitosíssimas" e incitava a sua pequena cria a comer também umas quantas. Outra, diz ao filho para não andar de costas porque isso é chamar o Diabo...
Claro que com modelos de educação destes em que uma mãe acha normal o cuspo no chão e o free-self-service e um pai mija aos cantos da casa e leva com o jornal quando não pede para ir lá fora fazer as necessidades, uma criança - um cidadão em fase de aprendizagem da cidadania e, quem sabe, um futuro dirigente político deste nobre país - não conseguirá perceber nunca o que é viver em sociedade e que coisa é essa que os pseudo-intelectuais apelidam de educação. E depois é o que se vê, basta ligar a televisão no tempo de antena.
Veio isto tudo a propósito de, até ao dia de hoje, ter tido uma certa fobia aos pombos, por os considerar ratazanas com asas: nojentos, feios e transmissores de doenças. Apenas até hoje, o fatídico dia em que vi o animal do meu vizinho urinar no quintal e, chegada ao trabalho, fui visitada por um pombo, meio-perdido, pelo qual senti logo uma certa simpatia, simpatia essa que progrediu à medida que o observava a ajudar-me na limpeza do chão e a fazer graçolas frente ao espelho.
... "E vem-nos à memória uma frase batida": Quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais (até dos mais nojentos).

5 comentários:

PuRpUrInA disse...

Muito bom... mesmo xD
eu se fosse a ti, punha um dakeles papeis do professor karamba ao pe do quintal do teu vizinho.. podia ser q ele se qisesse libertar espiritualmente xD

Cristina H. disse...

Essa é uma sugestão. Outra seria ele ser raptado por Et's. Ainda outra, levar com a sua própria construção ilegal em cima da pilinha...
... E eu que, achando-o ausente há muito, pensava que ele já tinha morrido!... E não estava nada descontente com o facto!

Anônimo disse...

Eu, no teu lugar, iria fazer as minhas necessidades mais sólidas no quintal. Olhando fixamente para ele. com um esgar de prazer.

O Defunto

Cristina H. disse...

Defunto,
Obrigada pela sugestão! Contudo, receio que seja mesmo esse o género de mulheres que o meu vizinho procura...
bjs brutos e gordos.

Cristina H. disse...

Até o meu vizinho?