quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um dia

Um dia, mudarei de morada. Alterarei o meu código postal. Trocarei o norte pelo sul, o este pelo oeste. A janela, pela porta. A casa, pela tenda. A tenda, pelo quintal.
Um dia, será quanto baste para que parta e tudo mude, de arrasto, atrás de mim. E um dia, sem aviso prévio, a minha casa terá mudado de dono. E o meu telefone, atenderá telefonemas dizendo que não está atribuído.
Um dia, o meu rosto enrugar-se-à. A minha pele absorverá a cor das tatuagens e vincará as marcas de toda uma vida. Um dia, o meu cabelo será outro, mais curto e menos farto. E tudo aquilo que pensava ser eterno em mim, se desvanecerá.
Um dia, acordarei com a estranha notícia de que aqueles que amo já partiram, para nunca mais voltar. Um dia, apalpar-me-ei e sentirei um ser estranho e solitário em vez de mim. Um dia, olharei para o mundo como um velho lugar, que há muito conheço mas que já nada me diz.
Um dia. Dia após dia. Tudo acontecerá um dia. Tudo acabará um dia. Tudo principiará um dia. Tudo recomeçará um dia.
E haverá um dia, um único dia, em que nada mais fará sentido para mim.

4 comentários:

joao disse...

num dia semelhante a esse:

abandono a turbulencia superficial rumo 'a profundeza silenciosa.

sozinho nessa imensidao sentirei somente a essencia da minha existencia.

e, concentrado nessa paz cosmica, serei livre. serei eu.

Anônimo disse...

TEXTO DESLOCADO DO CONTESTO- Em 25 crianças que nascem, 12 são rapazes 13 são raparigas. 70 anos depois, dessas treze raparigas existem apenas onze, mas dos doze rapazes existe apenas um. Em resumo; por cada homem com 70 anos há 11 mulheres com 70 anos. Em média, esse homem só vai viver mais 4 anos e essas mulheres ainda vão viver mais 11 anos. AS MULHERES SÃO UMAS FELIZARDAS, e ainda se queixam! A única consolação que nos resta é saber que a estatistica é a mentira mais sofisticada.

Saudacões deste "velho" CRAMEIA

Marco Paulo disse...

Um dia, vou pedir uma travessa de caracóis para comer sozinho.

Anônimo disse...

Já agora, também aproveito o espaço. Não tenho nenhum poema que deseje ardentemente que alguém leia, nem fico muito feliz por imaginar senhoras de 70 anos que têm de se amar por falta de senhores de idade próxima (ou senhores de 70 anos que tenham de satisfazer diversas senhoras de idade próxima), por isso, roubei uma informação também interessante.
"O Medo de sentir prazer, em sua forma mais aguda, é conhecido como Hedonofobia, uma patologia que se desenvolve na mente, e controla as sensações do corpo."
Enfim, se lá chegarmos, todos seremos velhotes, provavelmente estaremos muito sozinhos, mas, para já, pelo sim, pelo não, curtam a vida. Agora mesmo. Esqueçam esses dias maus, ok? E poemas divertidos também se fazem. Com liberdade turbulenta e tudo. Obrigado.
Dr. Francisco Bernardo Completamente Louco Terrivelmente Mau