segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A vida é...

Acordo por volta da uma da tarde. Levanto-me e desço as escadas em pijama, forçada pelo cão e pelo gato que querem ir comer e fazer qualquer coisa lá fora. Não tenho fome, mas meto o resto da sopa num prato fundo e levo este ao micro-ondas. Pego num pano de cozinha, numa colher, num guardanapo. Aqueço chá de menta e improviso uma mesa de comer na sala.
Estou aborrecida, assim como se de repente a minha vida tivesse deixado de ter significado. Assim como se de repente vivesse para sempre vestida com este pijama e com o cabelo despenteado, a acordar tarde e a comer restos de sopa. Tento não pensar muito nisso e acendo a televisão.
Não tenho pilhas no telecomando e deixo ficar num canal ao calhas. Por azar, estamos na hora do futebol. Fala-se de todos os clubes que existem em Portugal e, quando penso que vamos passar para outra secção do noticiário, desata-se a falar da liga espanhola.
Entretenho-me com o rodapé e leio: Faleceu João Aguardela. Não acredito e acabo por confirmar na internet. Era um artista com quem simpatizava. A quem pedi autógrafos em miúda. De quem tenho qualquer coisa espalhada entre cassetes, cd´s e computador. E, assim de repente e sem pré-aviso, morreu. Com apenas mais 10 anos que eu e com uma doença prolongada.
A chuva que não parou um segundo desde que acordei, começa a bater com mais força nas janelas, nas portas, no chão. Abalada pelo que acabo de ler, ou pela repentina tomada de consciência de que todos nós um dia acabaremos por morrer e atrofiada pelo som ensurdecedor da chuva, oiço uma frase a martelar-me na cabeça e decido, finalmente, tomar um banho e sair: A VIDA É EFÉMERA.

(E assim, como se de uma cena bíblica se tratasse, surge um raio de sol enquanto escrevo estas palavras)

3 comentários:

Misterioso disse...

Bonito relato parabens.Passe tb no meu blog

odeusdamaquina disse...

O quê???
O Aguardela dos Sitiados?
Estou atónito. O gajo era novíssimo. Somos mesmo "(esta vida de) marinheiro(s)" efémeros!
Saúde para ti! Continua no chá de menta que fazes bem! Arruma lá a casa de uma vez! Penteia-te, sai à rua e vai à conquista de Lisboa!
Vai que consegues!
Beijo.

Alexandre disse...

ars longa vita brevis est.