sábado, 19 de abril de 2008

Detesto pessoas

Detesto pessoas.
Detesto as suas formas obtusas.
Detesto as suas roupas. As suas vestimentas.
Os seus acordes monofónicos e inconfundíveis.

Detesto pessoas e as razões pelas quais elas se reproduzem.
Detesto as suas criancinhas de colo e mais os seus carrinhos de bebé a deslizar pelos passeios em contra-mão.

Detesto as suas conversas da treta e mais os seus altos níveis de moral.
Detesto a sua vivacidade ao falar de temáticas nado-mortas.
E mais a sua forma opinante e circunstancial.

Detesto os seus automóveis.
Detesto as suas casas de emigrantes.
E mais os seus empréstimos colossais para comprar aquilo que nunca poderão ter.
Em plenitude. Em longitude e na diagonal.

Detesto os seus pontos de encontro.
As suas festas e os seus arraiais.
Detesto os seus meses de Agosto e os seus natais.
Detesto os seus reencontros saudoso-fingidos e mais os seus rituais.

Detesto pessoas no geral e no particular.
Particularmente quando me apalpo e me avisto ao espelho
E me confronto com a possibilidade de também eu ser pessoa.

Nenhum comentário: