sábado, 19 de abril de 2008

Acordar na aldeia...



O despertador do telemóvel acaba de tocar pela quinta vez hoje. Enleio-me nas mantas e no cão. Rais parta o cão por insistir em dormir comigo. Mas quem mais ousaria fazê-lo? Consigo finalmente vencer a batalha matinal e rotineira do despertador, das mantas e do cão, e levanto-me. Algures no pouco espaço que separa a cama da aparelhagem encontro aquele disco que há muito não via por estas bandas. Meto a tocar. Industrial para toda a família às nove da manhã parece-me bem. Festa gótica imaginária, para que tenha a sensação de tantos sábados perdidos em Lisboa.
Há quem faça uma torrada e beba vinte decilitros de leite pela manhã. Eu faço um cigarro e procuro, nas inúmeras saquetas de chá, alguma que me saiba a qualquer coisa menos ao vinho de tinto de ontem à noite. Menos ao hálito que ainda hoje carrego. Menos ao hálito de alguma boca que me tenha beijado nas últimas horas. Algo não correu bem, recordo-o agora. Mas deixemos os detalhes para quando o estômago esteja minimamente capaz e a cabeça menos atordoada.
Abro a porta do quintal para que o cão possa fazer as suas necessidades. Faço um chá de qualquer coisa e caramelo e sento-me à mesa, dando-me a ilusão de pessoa normal. O vizinho de trás trata da capoeira e mais dos seus cães. E engasga-se. E escarra. Pelo menos umas quatro vezes seguidas, para não falar das outras entremeadas com uns grunhidos dirigidos à sua santa família. Hum, bom apetite para ti também.

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