Quando os pombos morrem como meninos, à mercê dos nossos sapatos pesados, sinto-me perdida em tudo quanto odeio. O trânsito. Os carros velozes e despreocupados. Duas pessoas à porrada. Uma mulher que não consegue esconder as lágrimas.
Onde os pombos jazem, tripas de fora, olhos desorbitados – nesse mesmo lugar – sentei-me eu ontem com uma bebedeira incapacitante. Ri, chorei e afirmei ser capaz de viver assim para sempre.
Na mala, o desespero de um último cigarro que não se encontra, de um isqueiro que não se encontra. De umas chaves de casa – que inoportunamente – se encontram e me empurram para o meu destino final. Nos olhos, o cansaço, a teimosia e a resistência ao primeiro raio de sol que se avizinha.
Quando os pombos nascem, não sei onde se encontram. Nunca os vi pequenos, indefesos, brincalhões aos tropeços. Sei que o fazem num lugar seguro, longe das minhas palavras, do meu descontentamento, das minhas juras sem fundamento, dos meus enganos sempre os mesmos.
Onde os pombos jazem, tripas de fora, olhos desorbitados – nesse mesmo lugar – sentei-me eu ontem com uma bebedeira incapacitante. Ri, chorei e afirmei ser capaz de viver assim para sempre.
Na mala, o desespero de um último cigarro que não se encontra, de um isqueiro que não se encontra. De umas chaves de casa – que inoportunamente – se encontram e me empurram para o meu destino final. Nos olhos, o cansaço, a teimosia e a resistência ao primeiro raio de sol que se avizinha.
Quando os pombos nascem, não sei onde se encontram. Nunca os vi pequenos, indefesos, brincalhões aos tropeços. Sei que o fazem num lugar seguro, longe das minhas palavras, do meu descontentamento, das minhas juras sem fundamento, dos meus enganos sempre os mesmos.
Só os vejo mortos, a um canto do passeio, onde deambulo ressacada. Serenos, perfeitos. Semelhantes a um menino Jesus num presépio. Semelhantes ao meu sono profundo quando te esqueço. Fazendo-me compreender o efémero e o belo. Fazendo-me perder – enquanto perdura a caminhada – em tudo quanto odeio.
2 comentários:
Também nunca vi pombos pequenos, mas mais depressa acredito que nasceram nas palhinhas que esse Tal de que falaste. Eheheh!
DrMau
O Tal, dadas as circunstâncias da época, teria agradecido ter nascido nas palhinhas dos nossos pombos.
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