E eles regressam e trazem consigo caixotes pesados.
Caixotes pesados, que trazem vazios.
E eles carregam-nos às costas.
E eles erguem-nos com os seus fortes braços, calcorreando ruas infinitas,
Sem temer os olhares indiferentes de toda a gente.
À noite, enquanto dormes.
À noite, enquanto caminhas pelo corredor da tua pequena casa, sonolento.
À noite, enquanto apagas a luz, desesperado.
O lixo à tua porta, parte para sempre.
O lixo que te atormenta, rompe os sacos e espalha-se no chão.
E eles apanham-no.
E eles recolhem-no.
E eles retiram-no do teu campo de visão.
E o lixo que tu és, ficará para sempre fechado em vácuo.
Num saco, a um canto do quarteirão.
Não és orgânico, nem tão pouco reciclável.
E não há quem te possa carregar.
E no entanto, eles partem e levam consigo caixotes ainda mais pesados.
2 comentários:
Muito bom :)
obrigada :)
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