quinta-feira, 29 de julho de 2010

Que raio...

... de jornalismo que se anda a praticar em Portugal!
Não bastavam já os escandalosos erros ortográficos nos rodapés dos telejornais, que me envergonham e me provocam sensações de vertigem e ataques de pânico, agora também os factos são pouco factuais.
"The Cure no arranque do Festival Paredes de Coura", foi a notícia que li hoje no rodapé dum telejornal a abarrotar de incêndios e futebolistas. Ainda pensei que tinha lido mal, mas ela, a notícia, lá aparecia uma e outra vez a rodopiar, seduzindo-me e enganando-me, a sacana! Foi por pouco, muito pouco, que não anunciei a minha partida de emergência para o norte do país.
Já de malas feitas, beijinhos de despedida dados, mas ainda antes de me dirigir à bilheteira da CP, decidi averiguar na internet o cartaz oficial deste festival, não fossem uns quaisquer Depeche Mode também fazerem parte do pacote musical. Da consulta, resulta uma agradável surpresa: The Cure não irá arrancar nada e, o mais semelhante, são uns The Cult, a quem não presto culto nenhum (precisava de pelo menos dois posts para divagar sobre esta banda).
Os portugueses, que já praticavam um divertidíssimo jogo à hora das refeições chamado " 'Bora lá encontrar a palavra que está bem escrita no rodapé do noticiário", vão ter mais adrenalina com o upgrade do mesmo: " 'Bora lá saber se a palavra que está bem escrita pertence a uma notícia verdadeira".
A todos os pantomineiros deste país, deixo o conselho de uma pantomineira-amiga: quando quiserem dar credibilidade a uma mentirinha contada aos vossos amigos, o melhor não será - definitivamente!! - dizer que viram nas notícias, mas antes: "É mesmo verdade, malta! Foi a Dona Rosa, cabeleireira da minha mãe, que me contou!!"

8 comentários:

Ayl disse...

Aconteceu-me exactamente a mesma coisa esta manhã!
Também li esse soberbo rodapé e apeteceu-me digamos que....MUITO espancar alguém.

Cristina H. disse...

Ahahah,
Lamento, mas conforta-me saber que não fui a única vítima desse vil rodapé!
E aproveito para confessar que, na verdade, o que a notícia me provocou foi mais uma espécie de angústia derivada de duas coisas: não me ter apercebido que uma das minhas bandas favoritas vinha cá (como é possível?!) e não poder ir ver por não ter tempo e dinheiro para os encaixar na minha agenda...

Ayl disse...

Não é uma das minhas bandas favoritas mas é uma banda que admiro e pela qual nutro grande respeito. E, como é obvio, se voltarem a pisar solo portuguesinho, tentarei la estar!
Agora...Vamos é esperar que não haja mais um jornalista errrr...pouco informado, vá, (ou com um sentido de humor mto distorcido!) a anunciar a presença fantasma deles...

António disse...

Que pena não ser fã dos Arcade Fire...

Cristina H. disse...

Ayl,

Acerca dos Cure, vale a pena vê-los (se não se meter atrás de cabeçudos e de casais com putos às cavalitas, como me aconteceu no último concerto deles, tanto melhor pra si).
Acerca dos jornalistas, bastava-lhes um bocadinho de concentração naquilo que fazem e, talvez, um bocadinho daquela curiosidade que eu, até há bem pouco tempo, acreditava ser-lhes característica...

António,

Quem disse que eu não gostava de Arcade Fire? Gosto e muito.
E sim, sei que eles vêm cá em Novembro, curiosamente vi num rodapé de um telejornal...

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Fora de brincadeiras, vi há pouco a triste notícia da morte do António Feio. Como vi - também! - num rodapé, ainda tive uma pequenina esperança que se tratasse de mais um «lapsus jornalisticus». Infelizmente, mt infelizmente, desta vez o jornalista-escritor-de-rodapés não se enganou no sujeito da acção.

Ayl disse...

Sem dúvida...
A notícia do desaparecimento do António Feio é muito, muito difícil de digerir...
Parece que a morte de pessoas que povoam o nossa memória colectiva nos arrasta para a inevitável constatação nossa (terrível) condição de mortais.

Cristina H. disse...

Exacto, Ayl. Não diria melhor.

Ayl disse...

Dirias sim!
Pelo menos não terias "comido" as proposições como eu fiz ;)