terça-feira, 17 de março de 2009

The Sisters of Mercy

Há uns gajos, com a mania que detestam góticos, que em princípios dos anos 80 formaram uma banda cujo nome foi inspirado numa música do grande grande senhor - uma vénia para este senhor já! - Leonard Cohen: The Sisters of Mercy.
A quem não os conhece (há alguém que não conheça The Sisters of Mercy?!?), basta ir à wikipedia para perceber que essa banda, que detesta góticos, é apelidada - et voilá! - por banda gótica dos anos 80. É mesmo caso para largar um valente e moderno LOL.
Ontem fui vê-los, apesar da promessa de nunca mais voltar a estar no mesmo espaço que eles. É que eu gosto mesmo muito de Sisters of Mercy e, cada concerto deles é mais uma desilusão. E, estou farta de ir a concertos-decepção. Farta de gastar dinheiro em cd's que nunca mais consigo ouvir após a experiência traumática que é um concerto-decepção.
Mas uma amiga ofereceu-me o bilhete e eu - sem o peso que teria caso o tivesse comprado - lá fui toda bem disposta e de ânimo leve ver os excelentissimos senhores. Por onde passei, a quem encontrei, espalhei a mensagem de que ia ser um fiásco. Também avisei que o fim do mundo estava próximo e que o Lidl vende um salmão fumado muito bom.
Toda a gente se entusiasmou com a última informação, excepção feita a vegetarianos. As restantes informações deixaram dúvidas. E, quando dei por mim num Coliseu que parecia a meio-gás, lá estavam todos eles expectantes. Falo dos meus amigos e conhecidos e também daqueles gajos a quem deve ter saído o bilhete na raspadinha do jornal Record ou nos pacotes de batatas fritas Lays.
Depressa o palco se encheu de fumo. Depressa se cantou o Temple of Love. Depressa meia-população de Lisboa ia ficando intoxicada com o fumo. Depressa o anti-gótico disse pela primeira vez de que há memória "obrigada". Foi o que percebi e, se assim foi, esqueceram-se de lhe explicar que obrigada dizem as senhoras. Depois veio mais fumo. Depressa dei por mim sozinha a curtir em grande o concerto. Mais a ouvir do que a ver, é certo. Mas não é que eles acertaram em cheio no que me estava a apetecer ouvir ontem à noite?
Eles não querem, mas o que é certo é que o som deles é gótico e do bom. Daquele que já não se faz por aí há muito tempo. E os fans são góticos (iniciados e pré-reformados) e gajos trintões que metem no mesmo saco Sisters, Peter Murphy e U2 (graças às discotecas em que os "dj's" passavam em sequência o Temple of Love, o Cuts You Up e o Sunday Bloody Sunday). Os tais que têm a sorte de lhes sair um bilhete enquanto lêem o Record e trincam uma Lays com sabor a ketchup.
Andrew, o senhor anti-gótico por excelência, enche o palco de fumo por causa do público, mas não porque não o queira ver. Ele é que não quer ser visto. Porque está velho e mal vestido. E ele gosta de góticos sim. Porque lhe enchem os concertos e lhe compram os discos. Se não, para quê continuar a fazer concertos? Claro que todo este ódio dos Sisters of Mercy pelo mundo gótico torna algo mais que evidente: o senhor anti-gótico e os seus compinchas não conseguem disfarçar uma assumida e visível queda para a vertente bdsm do movimento. First and last and always.

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