terça-feira, 31 de março de 2009

Rir faz bem à saúde

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sexta-feira, 27 de março de 2009

This is the end, laralalara

O fim do mundo vem aí. Estou farta do anunciar, mas ninguém me liga. Vão acontecer em todos os cantos, em todas as casas, verdadeiras guerras: pais com filhos; primos com primos; sandálias com botas; orelhas com brincos. A terra vai ser um manto de cinza e destruição. Os materiais não reciclados pelo Homem revoltar-se-ão e meterão todos os homens e mulheres (crianças e velhos incluídos) no Humanão, um grande ecoponto cor-de-merda que engolirá toda a humanidade e a transformará em bens úteis: Cogumelos, andorinhas e nuvens em forma de ursinhos.
Vai ser um verdadeiro Deus-me-acuda e não valerão de nada as nossas preces, pois caso ainda não tenham reparado (e não por falta de insistência minha): DEUS NÃO EXISTE. Logo, o céu e o inferno também não. Logo, rezar é uma perda de tempo. Principalmente quando se trata de rezar a dois passos de se ser despejado no Humanão.
No entanto, há procedimentos que se podem tomar para que a via sacra até ao Humanão se torne menos - vá lá! - custosa:
a) Beber muita água e evitar fast-food;
b) Lembrar com os amigos da mesma idade as letras ridículas dos Onda Choc;
c) Dizer ao Miguel Ângelo que os Delfins já eram;
d) Fazer músicas de louvor ao Humanão baseadas nas da Mónica Sintra (por exemplo: "Afinal havia o Humanão / E eu sem nada saber meti lá a mão");
e) E, porque mesmo em dias de julgamento final há sempre muita radiação solar, usar um bom protector, de preferência factor trinta.
Eu sei que me vão acusar de insanidade. Até pode ser que sim, que esteja completamente louca. Mas, antes de despejarem palavras ruins no éter do universo, antes de se armarem em bananas com aqueles que até vos podiam dar algo em troca (qualquer coisa tipo amor e bolinhos secos), pensem no que andam a fazer.
O final está próximo. Caminhamos a passos largos para o Humanão. Mas com um bocadinho de esforço, até podemos caminhar divertidos e de bem com o mundo. E, no final, quem sabe se não seremos nós o ursinho-nuvem que olhará lá de cima este lindo planeta, finalmente livre e desabitado.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Alfredo

Alfredo, tenho medo. A janela está tão bem fechada, que não deixa a luz entrar. Tenho medo, Alfredo. Da escuridão, dos pesadelos.
Alfredo, tenho medo. A janela ficou aberta e alguém pode entrar. A luz que lá de fora vem, parece me ofuscar. Alfredo, há corpos invisíveis no escuro que parecem me querer tocar.
Alfredo, tenho medo. Por favor, vem me buscar.

terça-feira, 24 de março de 2009

A Praça

Estou frente à praça onde ficou a morar um bocadinho da minha infância. Aquela infância que recordo, mas que não sei precisar se foi bastante feliz ou se foi só assim-assim. A infância que me fazia inventar dores de barriga e cabeça para não ir à escola. A infância que me traz à memória barcos antigos abandonados numa qualquer margem invernosa de um rio.
E hoje, no entanto, recordo-a com saudade. Como se este cheiro a flor-de-laranjeira sempre tivesse existido na minha memória. Como se estes transeuntes todos, tivessem assistido e aplaudido de pé às minhas brincadeiras-logo-ali-inventadas em torno do pelourinho. Como se estas fossem as andorinhas que me compuseram tantas e tantas bandas sonoras de tantos e tantos finais de tarde.
Estou frente à praça e congratulo-me por ser mais uma anónima de portátil na mesa. E tento imaginar o que os outros imaginam quando me vêem. E percebo, como percebi em tantas outras vezes, que estou longe daquilo que aspirei para mim, longe daquela pessoa que descubro do outro lado do espelho.
Eu não sou esta que aqui escreve na primeira fila, de frente para a praça. Eu não sou a criança que corre frente ao pelourinho. Estas não são as minhas andorinhas. Este perfume de flor-de-laranjeira nunca será o do meu casamento.
No entanto, sorrio. Hoje, aqui e agora, poderei ser exactamente quem eu quiser ser. Ninguém me conhece e ninguém terá competências para me julgar os actos, por muito estranhos que sejam. Quem eu quiser. Quem eu quiser. Quem eu quiser. E, num acto do mais puro altruísmo, guardo as facas, escondo os dentes de vampiro e dou a minha mesa a um casal estrangeiro.

terça-feira, 17 de março de 2009

The Sisters of Mercy

Há uns gajos, com a mania que detestam góticos, que em princípios dos anos 80 formaram uma banda cujo nome foi inspirado numa música do grande grande senhor - uma vénia para este senhor já! - Leonard Cohen: The Sisters of Mercy.
A quem não os conhece (há alguém que não conheça The Sisters of Mercy?!?), basta ir à wikipedia para perceber que essa banda, que detesta góticos, é apelidada - et voilá! - por banda gótica dos anos 80. É mesmo caso para largar um valente e moderno LOL.
Ontem fui vê-los, apesar da promessa de nunca mais voltar a estar no mesmo espaço que eles. É que eu gosto mesmo muito de Sisters of Mercy e, cada concerto deles é mais uma desilusão. E, estou farta de ir a concertos-decepção. Farta de gastar dinheiro em cd's que nunca mais consigo ouvir após a experiência traumática que é um concerto-decepção.
Mas uma amiga ofereceu-me o bilhete e eu - sem o peso que teria caso o tivesse comprado - lá fui toda bem disposta e de ânimo leve ver os excelentissimos senhores. Por onde passei, a quem encontrei, espalhei a mensagem de que ia ser um fiásco. Também avisei que o fim do mundo estava próximo e que o Lidl vende um salmão fumado muito bom.
Toda a gente se entusiasmou com a última informação, excepção feita a vegetarianos. As restantes informações deixaram dúvidas. E, quando dei por mim num Coliseu que parecia a meio-gás, lá estavam todos eles expectantes. Falo dos meus amigos e conhecidos e também daqueles gajos a quem deve ter saído o bilhete na raspadinha do jornal Record ou nos pacotes de batatas fritas Lays.
Depressa o palco se encheu de fumo. Depressa se cantou o Temple of Love. Depressa meia-população de Lisboa ia ficando intoxicada com o fumo. Depressa o anti-gótico disse pela primeira vez de que há memória "obrigada". Foi o que percebi e, se assim foi, esqueceram-se de lhe explicar que obrigada dizem as senhoras. Depois veio mais fumo. Depressa dei por mim sozinha a curtir em grande o concerto. Mais a ouvir do que a ver, é certo. Mas não é que eles acertaram em cheio no que me estava a apetecer ouvir ontem à noite?
Eles não querem, mas o que é certo é que o som deles é gótico e do bom. Daquele que já não se faz por aí há muito tempo. E os fans são góticos (iniciados e pré-reformados) e gajos trintões que metem no mesmo saco Sisters, Peter Murphy e U2 (graças às discotecas em que os "dj's" passavam em sequência o Temple of Love, o Cuts You Up e o Sunday Bloody Sunday). Os tais que têm a sorte de lhes sair um bilhete enquanto lêem o Record e trincam uma Lays com sabor a ketchup.
Andrew, o senhor anti-gótico por excelência, enche o palco de fumo por causa do público, mas não porque não o queira ver. Ele é que não quer ser visto. Porque está velho e mal vestido. E ele gosta de góticos sim. Porque lhe enchem os concertos e lhe compram os discos. Se não, para quê continuar a fazer concertos? Claro que todo este ódio dos Sisters of Mercy pelo mundo gótico torna algo mais que evidente: o senhor anti-gótico e os seus compinchas não conseguem disfarçar uma assumida e visível queda para a vertente bdsm do movimento. First and last and always.

domingo, 15 de março de 2009

Toda a gente discute. No andar de cima e no prédio do lado. Na rua e nos quintais. Na estrada e nos carros. Nos cafés e nas esplanadas. Nos combóios e nos autocarros. Nas bicicletas e nos patins. Nas televisões e nos telemóveis. Nos e-mails e nos recados deixados em guardanapos. Namorados e namoradas. Maridos e mulheres. Irmãos e irmãs. Pais e filhos. Vizinhos e vizinhas. Taberneiros e clientes. É domingo e todo o meu país está a discutir.

P.S- O que me faz lembrar o velhinho "Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão"...

sexta-feira, 13 de março de 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

O lado positivo da tristeza

A tristeza tem um lado positivo que mais nenhum estado de alma tem. Se estamos tristes, sabemos apreciar muito melhor uma coisa boa. E, por essa coisa boa, conseguimos renascer das cinzas como se tivessemos acabado de vir dar à costa. À costa que se chama vida.
Às vezes é necessário ir ao fundo para dar valor às coisas que existem à tona. Às pequenas mas belas coisas que existem lá em cima, a boiar, à espera que as alcancemos. Ficar triste, é uma espécie de preparação para aceitar a realidade ou lutar por uma nova realidade. Por isso, a tristeza alberga em si, num canto não muito evidente, um lado positivo.
A minha tristeza é uma tristeza pretensiosa, porque não se limita a ter só um lado positivo como as outras. Ostenta sem pudor vários lados positivos e não me deixa estar muito tempo sossegada no meu canto a chorar e a pensar em nada, sem que me assalte logo com algum dos seus lados positivos.
Se por um lado me faz chorar, por outros tantos faz-me pensar. Faz-me questionar. Escrever. Ler. Apreciar um disco negligenciado no meio dos outros todos. Querer ser alguém e acreditar que um dia o serei. Sonhar. Desejar a companhia de um bom amigo. Desprezar tudo aquilo que me puxa para baixo.
E ao aproveitar esses lados positivos, vou-me entretendo e percebendo que há males maiores. E, quando dou por mim, acordo à tona de água, jubilante por um pequeno nada.

segunda-feira, 9 de março de 2009


Eu sei que um dia nos iremos encontrar lá, onde o sol se põe cor-de-laranja. Morno. Silencioso.
Um dia encontrar-me-ei lá. E tu estarás lá. E também te encontrarás.

Diz-me

O que fazer num dia bonito quando falta a companhia e o pijama teima em continuar vestido?

sexta-feira, 6 de março de 2009

A Desempregada

A desempregada vai ao Museu. A desempregada ouve punk português. A desempregada corre para apanhar o metro. A desempregada sofre com o sofrimento alheio. A desempregada já não pode ver mais cuspo no chão. A desempregada separa o lixo e vai ao Ecoponto mais próximo. A desempregada tem saudades das férias de Verão. A desempregada inventa um sonho para não viver num pesadelo. A desempregada dorme com o cão. A desempregada tenta descobrir onde se escondem as pessoas interessantes. A desempregada envia mais um curriculum. A desempregada abre o e-mail em vão. A desempregada paga a renda a tempo e horas. A desempregada procura um sinal. A desempregada encontra dicas na caixa do correio. E também no lixo e no papelão. A desempregada discute sem razão. A desempregada desilude aqueles que ama. A desempregada pede perdão. A desempregada regista o Euromilhões. A desempregada conta os tostões. A desempregada é simpática com os desconhecidos. A desempregada tem educação. A desempregada tem sempre um motivo para sorrir. A desempregada não desiste. A desempregada persiste. A desempregada sou eu.

terça-feira, 3 de março de 2009

A fila

Chego e sou mais uma vez a pessoa que fica no fim da fila. Eu, aqui me prostro: sou a última. A última na fila que tem mais de oitenta pessoas encostadas às montras das lojas, das pastelarias e dos mini-mercados ainda fechados.
As montras injectam-nos móveis design, móveis por medida, talismãs e livros de auto-ajuda. Os mini-mercados oferecem-nos os preços mais baixos do mercado. Nas sapatarias comemoram-se os últimos dias de saldos com sapatos a sessenta e tal euros depois de um generoso desconto de 30%.
Do outro lado da rua, prédios imponentes de cinco e seis andares fazem adivinhar outros tempos de glória. Contudo, o passar dos anos e o acentuar da miséria trouxeram-lhes uma roupagem menos chique. Dos espaçosos terraços com vista desafogada, pouco sobra. Estão todos ocupados com construções ilegais feitas dos mais inflamáveis materiais e cobertas com telhados de zinco. Nem os pombos moram mais ali. Só pessoas. Porcas. Tristes. Indiferentes áquilo que se passa lá em baixo. Indiferentes à sua própria miséria. Indiferentes até às roupas que deixam estendidas semanas a fio até ganharem o cheiro e a cor da poluição.
Descem a rua autocarros. Miúdos com mochilas às costas. Homens com cigarros na boca e jornais diários debaixo dos braços. Uma senhora de cor com um majestoso casaco de peles. Um rapaz engraçado com uma guitarra às costas. Passam carros topo de gama em tamanho número que quase me convenço de que vivemos num rico país. Carros que passam com pessoas que não se interessam por aquilo que as rodeia, a não ser que o sinal fique vermelho.
Das pessoas na fila, há de tudo. Desde candidatos a morar em pombais até pessoas que se julgavam já em idade de reforma. Brasileiros. Ucrânianos. Africanos. Prostitutas reformadas. Mães desdentadas com filhos ao colo. Um tipo com ar de quem gosta de reggae, outro com ar de quem não diz que não a uma bebida forte logo pela manhã. Um casal de namorados fora de contexto. E sempre, uma grande percentagem de Chicos com a mania que são espertos.
À porta, são distribuídas senhas cor-de-rosa por uma senhora loira, muito simpática e atenciosa. Talvez só se encontre ali para contrariar a fama destas instituições ou apenas para nos fazer esquecer o dia cinzento e frio que está lá fora. Ordeiramente, a fila avança. As pessoas recebem a senha cor-de-rosa, ou são encaminhadas para a mais simples e despachada senha branca. Lá em cima, haverá uma doutora que atenderá um a um cada um de nós. Processo demorado que a poucos dos presentes trará resultados positivos.
Finda a distribuição das senhas, a doutora lá de cima comunica através do segurança semi-careca-com-o-pouco-cabelo-que-lhe-sobra-pintado-de-preto, que até à senha 25 poderão ficar e que os restantes poderão ir almoçar e voltar à tarde. Uns compreendem e saem. Outros compreendem e sentam-se a ler as suas revistas ou os seus livros. Mas há sempre os incompreendidos. Desses, há um que diz que o que fazia falta era fazerem ao "gajo" o mesmo que fizeram ao Nino Vieira. E sublinha que a pena disto tudo é ninguém se chegar à frente.
Pergunto-me: porque refilamos com a falta de iniciativa dos nossos compatriotas? Se ninguém se chega à frente para fazer o que faz realmente falta, cheguemo-nos nós então. Se é essa a nossa vontade e determinação. Mas o Centro de Emprego é isso mesmo: uma miscelândia de pessoas sem coragem de se chegarem à frente nem vontade de lutarem por aquilo que realmente lhes faz falta. E não pretendo generalizar, mas aviso que é certamente a grande maioria. Utentes e funcionários, todos incluídos.
Volto à tarde e a doutora ainda só atendeu até à senha cor-de-rosa número 12. A minha é o número 32, o que me alivia e me leva a pensar com os meus botões: ainda bem que pertenço ao grupo que pode ir almoçar às 10 horas da manhã.