quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Tentativas

Falhei-me em tentativas. Repetidas. Só mais uma, dizia eu. E sempre, sempre a falhar.
Já as flores que cheirava, nessas primaveras férteis da minha infância, cheiravam a esgotos, a putrefacção. Fingia-lhes admiração, suposta capacidade que nunca possuí.
Algures no tempo, falhei também um número certeiro que me dava direito ao jackpot. Passando-lhe ao lado, encontrei gatos pretos e espelhos partidos. E, sobrevivendo-lhes, fugi-lhes passando debaixo de uma escadaria, agarrada a um número treze inscrito numa ferradura.
E quem me esperava do outro lado? O vácuo, sorrindo trocista ao ver-me tropeçar.


Cristina morreu. Caiu no vácuo ao pensar q pisava apenas mais uma folha seca desse Outono em que viajava. Mais uma vez. Sozinha e sem amparo.
Cristina morreu, folheando o final dum livro emprestado, com outro por estrear na mão.

4 comentários:

Mayra Di Manno disse...

Cristina,
Seus textos são incríveis.
Obrigada por compartilhar.
Um Beijo,

Cristina H. disse...

Obrigada Mayra :)
bjs**

um facínora disse...

SACANA! ODEIO-TE E TENHO INVEJA TUA! DEVIAS MORRER VELHA, FELIZ E PUBLICADA, JUNTO DOS GATOS E DOS NETOS!!!

Cristina H. disse...

LOL
Quem me dera que toda a inveja fosse tão generosa quanto a tua!
Desejo-te em dobro, meu caro facínora. Em dobro!!
Feliz e publicada, junto dos gatos, parece-me bem. Os netos, poderão ser os do meu irmão, q os meus não deverão vir a existir.