domingo, 10 de julho de 2011

Papa

Adoro quando o mundo cheira a papa. Adoro ver as pessoas com papa nos cantos da boca, com papa a escorrer-lhes pelo queixo. Pessoas adultas e emancipadas, que trajam bibes e choram quando se sentem perdidas.
Adoro quando o mundo é um ensopado gigante de vomitado de papa. Figos e mel e pequenos flocos - de uma doçura inqualificável - misturados com o suco gástrico de todos os seres humanos do mundo.
Adoro quando o mundo não é mais do que uma ligeira indisposição que me acorda, um capricho sádico que me ocorre, um vómito colectivo que evoco, só porque odeio este mundo, mais do que o resto, por ainda cheirar a papa de criança.

2 comentários:

Lucy in the Sky With Cerelac disse...

gosto mais de papa do que de impiedade. adora-se o mundo que cheira a papa, enquanto se odeia por ainda cheirar à dita - bonito, pá.

figos e mel... se juntaares camomila,tens um tratamento completo para cabelos claros. pergunta à patroa.

Cristina H. disse...

São esses sentimentos contraditórios que provam que o mundo não me causa indiferença.
Estava a pensar em nestum mel e nestum figos, mas ainda não sou paga para fazer publicidade.
Nem me fales na patroa. Irra. Nem com nem sem papa, não se papa de maneira nenhuma.