sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Lixo

E eles regressam e trazem consigo caixotes pesados.
Caixotes pesados, que trazem vazios.
E eles carregam-nos às costas.
E eles erguem-nos com os seus fortes braços, calcorreando ruas infinitas,
Sem temer os olhares indiferentes de toda a gente.

À noite, enquanto dormes.
À noite, enquanto caminhas pelo corredor da tua pequena casa, sonolento.
À noite, enquanto apagas a luz, desesperado.

O lixo à tua porta, parte para sempre.
O lixo que te atormenta, rompe os sacos e espalha-se no chão.
E eles apanham-no.
E eles recolhem-no.
E eles retiram-no do teu campo de visão.

E o lixo que tu és, ficará para sempre fechado em vácuo.
Num saco, a um canto do quarteirão.
Não és orgânico, nem tão pouco reciclável.
E não há quem te possa carregar.

E no entanto, eles partem e levam consigo caixotes ainda mais pesados.