quarta-feira, 4 de maio de 2011

Da saudade, ainda.

Falo da saudade, ainda. Daquela espingarda encostada ao peito e daquele som estridente que anuncia o fim de um coração que bate.
Falo da saudade, ainda. Daquela condição infeliz de te reencontrar deitado, sem vida, de peito rasgado e coração arrombado.
Falo da saudade, ainda. Enquanto a loucura mo permite, prisioneira de quatro paredes almofadadas e de uma janela gradeada.
Falo da saudade, ainda. Quando corto os pulsos, com a mesma lâmina que me aparou o sofrimento.
Falo da saudade, ainda. Ao espelho, reconhecendo um rosto enrugado coberto de lágrimas secas.
Falo de saudade, ainda. Quando falo duma mulher morta, desassossegada por pensamentos que não conseguiu enterrar consigo.

2 comentários:

Ediberto Lima disse...

olha que bonito. eu gosto é destes textos assim, cheios de cor e de vida, uma espécie de Big Show Sic, mas em palavras umas a seguir às outras e sem macaco adriano. bonito. gosto do "ainda" repetido.

Cristina H. disse...

Obrigada Ediberto,

Devo dizer q o admiro muito e que sou uma saudosa assumida do Big Show da Sic, para além duma grande fan das macacadas do Adriano e dos saltinhos daquele outro piqueno q por lá andava.